terça-feira, 31 de março de 2009

São Benjamin, Diácono e Martir



Evocamos hoje São Benjamim, diácono e mártir, vítima da perseguição aos cristãos, no início do século V.

Nasceu no ano de 394 na Pérsia, e ao ser evangelizado, começou a participar da Igreja ao ponto de descobrir sua vocação ao diaconato.

Serviu a Palavra e aos irmãos na caridade, chamando a atenção de muitos para Cristo.

Chegou a ser preso por um ano, sofrendo, e se renunciasse ao nome de Jesus, seria solto. Porém, mesmo na dor, na solidão e na injustiça, ele se uniu ainda mais ao Cristo crucificado.

Foi solto com a ordem de não falar mais de Jesus para ninguém, o que era impossível, pois sua vida e seu serviço evangelizavam.

Benjamim foi canal para que muitos cegos voltassem a ver, muitos leprosos fossem curados e assim muitos corações duvidosos se abriram a Deus.

Foi novamente preso, levado a publico e torturado para que renunciasse à fé. Perguntou então ao Rei, se gostaria que algum de seus súditos fosse desleal a ele. Obviamente que o rei disse que não. E assim o diácono disse que assim também ele, não poderia renunciar a sua fé, a seu Rei, Jesus Cristo.

E por não renunciar a Jesus, foi martirizado. Isso no ano de 422.

São Benjamim, rogai por nós!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Muita coisa boa vem da Brasilândia!

Muita coisa boa vem da Brasilândia!

Neste dia 29 de março, aconteceu um momento especial na vida do povo católico da Região Episcopal Brasilândia: a Peregrinação ao Apóstolo Paulo na Catedral da Sé, considerada o grande evento missionário da Arquidiocese de São Paulo, no Ano Paulino.

Com a participação de pelo menos três mil e quinhentas pessoas, a Catedral ficou lotada com os peregrinos que participaram da Santa Missa celebrada às 15h00, com a presidência do arcebispo metropolitano Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer. Concelebrada pelo Vigário Episcopal Dom José Benedito Simão, os Padres, os Diáconos e todo o povo da Brasilândia, a Santa Missa marcou os Vinte Anos de caminhada dessa Região Episcopal.

Parabenizamos a todos os envolvidos, que de uma forma ou de outra, se dispuseram a trabalhar com afinco e amor para que os objetivos de nossa peregrinação fossem alcançados. Desde o Cardeal, o Bispo Auxiliar, Padres, Diáconos, Religiosos e Religiosas, Consagrados e Consagradas e, principalmente, Leigos e Leigas, sentiram que em toda a Celebração, não aconteceram momentos teatrais, mas, momentos de verdadeira expressão da fé de um povo lutador e perseverante na busca de realizar o Amor Cristão em todas as suas dimensões. Cada peregrino procurou dar o melhor de si neste evento.

Todas as equipes e lideranças envolvidas na preparação do evento, desde os primeiros momentos, participaram com um compromisso pessoal na busca das condições para que a Peregrinação à Catedral, inspirada pelo amor Paulino, refletisse o amor do povo da Brasilândia por sua Igreja, procurando levar a mensagem da Caridade anunciada e vivenciada por nosso Senhor Jesus Cristo.

Desde o Secretariado da Cúria Regional (que, além de profissionais, agiram com amor) até o dono da Padaria da esquina (que contribuiu com os pãezinhos da Peregrinação a pé), desde a Equipe de Liturgia até os músicos, dos motoristas dos carros de som e de apoio até os leitores, do salmista aos organizadores dos momentos litúrgicos, dos casais de cada Setor nas oferendas até a comentarista, dos padres aos diáconos permanentes, de cada Comissão, Movimento e Grupos das novas comunidades aos anônimos que se empenharam nesta empreitada, dos policiais dos diversos Batalhões e da CET, dos organizadores da Peregrinação a Pé aos que elaboraram a carta ao Prefeito, todos sem exceção participaram e foram marcados pela grandiosidade da fé necessária para este evento. Cada Setor participou e assumiu seu compromisso com a Peregrinação.

Dois momentos marcaram de forma diferenciada nossa Peregrinação: a Caminhada a Pé do Largo Cliper na Freguesia do Ó até a Catedral, com cerca de 300 peregrinos e o momento de reflexão na Praça do Patriarca, onde foi entregue ao representante do poder municipal, uma carta com as principais necessidades do povo da Região Brasilândia.

Como esquecer das dezenas de ônibus que saíram dos rincões da Brasilândia, levando cerca de três mil peregrinos entre crianças, jovens e idosos para a caminhada da Praça até a Catedral? Como apagar da memória a caminhada da Praça do Patriarca até a Catedral, avivando nosso Centro Velho com milhares de vozes rezando e cantando? Como esquecer na visita de Nossa Senhora do Ó ao Apóstolo Paulo?

Parabéns Região Episcopal Brasilândia! Parabéns ao nosso Arcebispo pelo convite à Peregrinação! Parabéns ao “nosso Dom Simão” por acreditar neste povo humilde, mas, com muita fé! Parabéns Dom Simão pela perseverança e presença em muitas das reuniões da Comissão Executiva do Conselho Regional de Pastoral! Parabéns aos que, mesmo não citados, ajudaram ao sucesso dessa manifestação de fé!

São Paulo Apóstolo, rogai por nós!

Louvado seja nosso sempre Senhor Jesus Cristo!

Diácono Franco Abelardo

Região Episcopal Brasilândia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Para Pensar…

O deus dos palpiteiros

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 18 de março de 2009

Se há um Deus onipotente, onisciente e onipresente, é óbvio que não podemos conhecê-Lo como objeto, ou mesmo como sujeito externo, mas apenas como fundamento ativo da nossa própria autoconsciência, maximamente presente como tal no instante mesmo em que esta, tomando posse de si, se pergunta por Ele. Tal é o método de quem entende do assunto, como Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, S. Francisco de Sales, os místicos da Filocalia, Frei Lourenço da Encarnação ou Louis Lavelle.

Quando um Richard Dawkins ou um Daniel Dennett examinam a questão de um “Ser Supremo” que teria “criado o mundo” e chegam naturalmente à conclusão de que esse Ser não existe, eles raciocinam como se estivessem presentes à criação enquanto observadores externos e, pior ainda, observadores externos de cuja constituição íntima o Deus onipresente tivesse tido a amabilidade de ausentar-se por instantes para que pudessem observá-Lo de fora e testemunhar Sua existência ou inexistência. Esse Deus objetivado não existe nem pode existir, pois é logicamente autocontraditório. Dawkins, Dennett e tutti quanti têm toda a razão em declará-lo inexistente, pois foram eles próprios que o inventaram. E ainda, por uma espécie de astúcia inconsciente, tiveram o cuidado de concebê-lo de tal modo que as provas empíricas da sua inexistência são, a rigor, infinitas, podendo encontrar-se não somente neste universo mas em todos os universos possíveis, de vez que a impossibilidade do autocontraditório é universal em medida máxima e em sentido eminente, não dependendo da constituição física deste ou de qualquer outro universo.

Se você não “acredita” no Deus da Bíblia, isso não faz a mínima diferença lógica ou metodológica na sua tentativa de investigar a existência ou inexistência d’Ele, quando essa tentativa é honesta. Qualquer que seja o caso, você só pode discutir a existência de um objeto previamente definido se o discute conforme a definição dada de início e não mudando a definição no decorrer da conversa, o que equivale a trocar de objeto e discutir outra coisa. Se Deus é definido como onipotente, onisciente e onipresente, é desse Deus que você tem de demonstrar a inexistência, e não de um outro deus qualquer que você mesmo inventou conforme as conveniências do que pretende provar.

O método dos Dawkins e Dennetts baseia-se num erro lógico tão primário, tão grotesco, que basta não só para desqualificá-los intelectualmente nesse domínio em particular, mas para lançar uma sombra de suspeita sobre o conjunto do que escreveram sobre outros assuntos quaisquer, embora seja possível que pessoas incompetentes numa questão que julgam fundamental para toda a humanidade revelem alguma capacidade no trato de problemas secundários, onde sua sobrecarga emocional é menor.

Longe de poder ser investigado como objeto do mundo exterior, Deus também é definido na Bíblia como uma pessoa, e como uma pessoa sui generis que mantém um diálogo íntimo e secreto com cada ser humano e lhe indica um caminho interior para conhecê-La. Só se você procurar indícios dessa pessoa no íntimo da sua alma e não os encontrar de maneira alguma, mesmo seguindo precisamente as indicações dadas na definição, será lícito você declarar que Deus não existe. Caso contrário você estará proclamando a inexistência de um outro deus, no que a Bíblia concordará com você integralmente, com a única diferença de que você imagina, ou finge imaginar, que esse deus é o da Bíblia.

Quando o inimigo da fé faz um esforço para ater-se à definição bíblica, ele o faz sempre de maneira parcial e caricata, com resultados ainda piores do que no argumento da “criação”. Dawkins argumenta contra a onisciência, perguntando como Deus poderia estar consciente de todos os pensamentos de todos os seres humanos o tempo todo. A pergunta é aí formulada de maneira absurda, tomando as autoconsciências como objetos que existissem de per si e questionando a possibilidade de conhecer todos ao mesmo tempo ex post facto. Mas a autoconsciência não é um objeto. É um poder vacilante, que se constitui e se conquista a si mesmo na medida em que se pergunta pelo seu próprio fundamento e, não o encontrando dentro de seus próprios limites, é levado a abrir-se para mais e mais consciência, até desembocar numa fonte que transcende o universo da sua experiência e notar que dessa fonte, inatingível em si mesma, provém, de maneira repetidamente comprovável, a sua força de intensificar-se a si próprio. Dez linhas de Louis Lavelle sobre este assunto, ou o parágrafo em que Aristóteles define Deus como noesis noeseos, a autoconsciência da autoconsciência, valem mais do que todas as obras que Dawkins e Dennett poderiam escrever ao longo de infinitas existências terrestres. Um Deus que desde fora “observasse” todas as consciências é um personagem de história da carochinha, especialmente inventado para provar sua própria inexistência. Em vez de perguntar como esse deus seria possível, sabendo de antemão que é impossível, o filósofo habilitado parte da pergunta contrária: como é possível a autoconsciência? Deus não conhece a autoconsciência como observador externo, mas como fundamento transcendente da sua possibilidade de existência. Mas você só percebe isso se, em vez de brincar de lógica com conceitos inventados, investiga a coisa seriamente desde a sua própria experiência interior, com a maturidade de um filósofo bem formado e um extenso conhecimento do status quaestionis.

O que mata a filosofia no mundo de hoje é o amadorismo, a intromissão de palpiteiros que, ignorando a formulação mesma das questões que discutem, se deleitam num achismo inconseqüente e pueril, ainda mais ridículo quando se adorna de um verniz de “ciência”.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A Defesa da Vida e da Mulher: caso de Pernambuco

Presidente da PAV fala sobre episódio da menina brasileira violentada

Comentário de D. Rino Fishichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, publicado no L’Osservatore Romano, em 15/03/2009, sobre o caso da menina brasileira violentada em Alagoinha (Pernambuco).

"O debate sobre algumas questões frequentemente se torna cerrado e as diferentes perspectivas nem sempre permitem considerar o quanto o acontecimento em jogo seja realmente grande. É este o momento em que se deve olhar o essencial e, por um momento, deixar de lado aquilo que não toca diretamente o problema. O caso em sua dramaticidade é simples. Uma menina de apenas nove anos, a quem chamaremos Carmen, e a quem devemos olhar fixamente nos olhos sem distrair sequer um minuto, para fazê-la entender o quanto a queremos bem. Carmen, em Alagoinha, foi violentada várias vezes pelo seu jovem padrasto, engravidou de dois gêmeos e nunca mais teve uma vida tranquila. A ferida é profunda porque a violência a destruiu por dentro e dificilmente lhe permitirá no futuro olhar os outros com amor.

Carmen representa uma história de violência cotidiana e ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em excomungar os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida, pois estamos acostumados a ver todos os dias fatos de uma gravidade sem igual, se não fossem as reações causadas pela atuação do bispo. A violência sobre uma mulher é grave, e se torna ainda mais deplorável quando perpetrada contra uma menina pobre, que vive em condição de degradação social. Não existe linguagem correspondente para condenar tais episódios, e os sentimentos que surgem são muitas vezes uma mistura de raiva e de rancor que se acalmam somente quando a justiça é feita realmente e se tem certeza de que o criminoso será punido.

Carmen deveria ter sido em primeiro lugar defendida, abraçada, acariciada com doçura para fazê-la sentir que estamos todos com ela; todos, sem exceção. Antes de pensar na excomunhão era necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente e recolocá-la num nível de humanidade da qual nós homens de Igreja devemos ser anunciadores e mestres. Assim não foi feito e, infelizmente, a credibilidade de nosso ensinamento sofre com isso, pois aparece aos olhos de muitos como insensível, incompreensível e sem misericórdia. É verdade, Carmen trazia consigo outras vidas inocentes como a sua, não obstante fossem frutos da violência, e foram ceifadas; isso, todavia, não basta para fazer um julgamento que pesa como uma guilhotina.

No caso de Carmen se confrontaram a vida e a morte. Por causa de sua tenra idade e de suas condições de saúde precárias sua vida corria sério risco por causa da gravidez. Como agir nestes casos? Decisão árdua para o médico e para a lei moral. Escolha como esta, mesmo como uma casuística diferente, se repetem cotidianamente nas salas de tratamento intensivo e o médico se encontra só no ato de decidir o que fazer. Ninguém chega a uma decisão desse tipo com desenvoltura; é injusto e ofensivo pensá-lo.

O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado em seu íntimo. O médico traz consigo sua história e sua experiência; uma escolha como essa de ter que salvar uma vida, sabendo que coloca em sério risco outra, jamais é vivida com facilidade. Certo, alguns se acostumam a tais situações que e as vivem sem sentimento; nestes casos, porém, a vocação de ser médico é reduzida apenas a uma profissão vivida sem entusiasmo e passivamente. Fazer de um caso um todo, além de incorreto seria injusto.

Carmen repropôs um caso moral entre os mais delicados; tratá-lo de forma rápida não faria justiça nem à sua frágil pessoa nem aos que estão envolvidos no caso. Como todo caso singular e concreto, merece ser analisado de forma peculiar, sem generalizações. A moral católica possui princípios dos quais não pode prescindir, mesmo se o quisesse. A defesa de uma vida humana desde a sua concepção pertence a um destes princípios e se justifica pela sacralidade da existência. Todo ser humano, de fato, desde o primeiro instante de vida traz consigo a imagem do Criador, e por isto estamos convictos de que devem ser reconhecidos os direitos e a dignidade de toda pessoa, primeiro entre todos o de sua intangibilidade e inviolabilidade. O aborto não espontâneo sempre foi condenado pela lei moral como um ato intrinsecamente mau e este ensinamento permanece imutável em nossos dias desde os primórdios da Igreja. O Concílio Vaticano II na Gaudium es spes - documento de grande abertura e perspicácia em relação ao mundo contemporâneo - usa de forma inesperada palavras inequívocas e duríssimas contra o aborto direto. A colaboração formal constitui uma culpa grave que, quando realizada, exclui automaticamente da comunidade cristã. Tecnicamente, o código de Direito Canônico usa a expressão latae sententiae para indicar que a excomunhão se atua automaticamente no momento em que o fato acontece.

Não era preciso tanta urgência e publicidade ao declarar um fato que se realiza de maneira automática. O que se sente maior necessidade neste momento é o sinal de um testemunho de proximidade a quem sofre, um ato de misericórdia que, mesmo mantendo firme o princípio, é capaz de olhar além da esfera jurídica para atingir aquilo que o direito prevê como objetivo de sua existência: o bem e a salvação daqueles que crêem no amor do Pai e daqueles que acolhem o Evangelho de Cristo como as crianças, que Jesus chamava para junto de si e as abraçava dizendo que o reino dos céus pertence a quem é como elas.

Carmen, estamos do seu lado. Partilhamos o sofrimento pelo qual passou, queremos fazer de tudo para lhe restituir a dignidade que lhe foi tirada e o amor de que você precisa ainda mais. São outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e ajudam a recuperar a esperança e a confiança, não obstante a presença do mal e a maldade de muitos".

[Com Rádio Vaticano]

segunda-feira, 16 de março de 2009

A polêmica sobre práticas abortivas e sua legalização

Muito bom este artigo. Vale a pena ler até o fim e meditar.

  16 Mar 2009

Dom Cristiano Jakob Krapf

A polêmica sobre o aborto provocado por alguém é assunto que envolve questões de políticas públicas dos tres poderes, além de considerações de ordem filosófica e ética.  É evidente também que práticas abortivas têm algo a ver com religião e moral.

Os defensores da liberdade de abortar alegam que nenhuma igreja deve impor suas leis ao Estado laico. Não há dúvida que não cabe à religião da maioria exigir do Estado a punição de pecadores, mas também não cabe ao poder civil dizer se uma coisa é ou não é pecado. Quanto aos pecados, a missão essencial das igrejas não é aplicar castigos terrenos aos transgressores de suas leis, mas formar a consciência dos seus seguidores, dos discípulos de Jesus.

O problema é que não existe um limite bem definido entre crime e pecado. Cabe ao Estado punir pessoas que cometem crimes, para conter a sua proliferação e proteger possíveis vítimas. Para isso, o legislador precisa definir com clareza as ações criminosas, e a justiça deve julgar os casos concretos e aplicar sanções adequadas. 

Discriminalização do aborto em situações extremas não é o mesmo que legalização.
Deixar de considerar práticas abortivas em determinadas situações como crime sujeito a sanções penais não é a mesma coisa que legalizar o aborto. Existem situações complicadas onde certas opções difíceis de escolha do mal menor podem ser toleradas pelo Estado e não precisam ser justificadas nem condenadas. Liberdade com responsabilidade.

Muitos acusam a Igreja de interferência indevida em assuntos do poder civil.  Por que diabos querem proibir que a igreja católica, a mais antiga instituição mundial e nacional, tente fazer valer o peso da sua maioria no sentido de dificultar a aprovação de leis incompatíveis com a consciência cristã?

Os dirigentes legítimos da Igreja não podem ditar leis ao Estado, mas têm todo direito de apresentar seus argumentos em defesa da vida e de recomendar aos seus membros que sempre votem em favor da proteção dos mais fracos. É missão da Igreja formar discípulos de Jesus que na sua vida pessoal, familiar e política tentem observar os mandamentos de Deus.

Ateus e agnósticos têm o direito de achar que as leis dos homens não têm nada a ver com a lei de Deus. No entanto, as leis humanas não podem ser definidas apenas pelo voto da maioria. O mandamento de não matar deve ser respeitado pela legislação civil que precisa proteger a vida, o fundamental dos direitos humanos. 

O nazismo se instalou na Alemanha pelo voto e matou em nome da lei milhões de judeus e outros opositores do regime. O comunismo se instalou por revoluções que pretendiam fazer valer o desejo da maioria. Matou com justificativas legais outros milhões de adversários do regime. Antes disso, nações poderosas se julgavam no direito de invadir e conquistar tudo que conseguissem pela força. Até mesmo a inquisição da idade média justificava a eliminação de bruxas e hereges a ferro e fogo. 

As Nações Unidas, para ter um instrumento contra tais abusos, elaboraram as leis dos direitos humanos e dos direitos da criança, com a obrigação do Estado de engajar-se na defesa desses direitos. Dos direitos humanos, fundamental é o direito à vida. Os direitos de dada um têm seus limites nos direitos dos outros.

As coisas se complicam quando os direitos de alguns conflitam com direitos de outros. Por exemplo, nos raríssimos casos de não se ver outra saída além da escolha entre a vida da mãe e a vida da criança no seu ventre. Outra complicação está em definir o início de uma vida humana que precisa ser defendida também pela lei civil. Até que momento pode alguém dizer que o embrião é apenas um pedaço de sua mãe, e não uma vida nova, um ser humano em formação? Quando é que começa uma vida humana?  Só no momento do parto?

Defensores da liberalização de práticas abortivas sempre alegam casos complicados, mas milhões de abortos são provocados por motivos muito menores.

O que fazer diante de defeitos de um embrião diagnosticado pela ciência? Pode ser eliminado porque alguém se julga no direito de dizer que tal criança não merece viver? Alguns não respeitam nem o momento de nascer.  Iniciam o parto e logo esmagam a cabeça da criança.

Outros querem permitir a eliminação de crianças já nascidas que teriam uma vida que não valeria a pena ser vivida. Estamos diante de tentativas de eugenia que pretendem dirigir a evolução da espécie humana para formar uma raça melhor, coisa já tentada nos tempos de Hitler. O rei Herodes matou crianças para eliminar um concorrente ao trono. Pior é que muitos abortos são praticados em países cristãos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Por que aumenta a violência nas escolas americanas?

Essa questão aparece em todos os noticiários sobre a chacina provocada por um adolescentre de 17 anos nos EUA. Contudo o Estado cada dia mais aprova medidas que vão contra a dignidade da vida humana. Será que existe alguma relação?

Falta Deus nesse povo que pensa que é “desenvolvido”.

Estado de Washington aprova eutanásia

A eutanásia foi legalizada em Washington, nos Estados Unidos. O estado americano é o segundo a aprovar a lei, que entrará em vigor amanhã, 5.
A medida do suicídio assistido foi aprovada por referendo popular no mês de novembro e vai consentir aos médicos que prescrevam uma dose mortal a pacientes em fase terminal com menos de seis meses de vida. Antes da votação, a Conferência Episcopal de Washington pediu aos fiéis o respeito pela vida até seu fim natural.
Os bispos denunciaram a iniciativa como um risco à cultura da vida e consideram o suicídio assistido uma ameaça às pessoas vulneráveis, como anciãos e deficientes. Desde 1997, os referendos para legalização da eutanásia tinham sido rejeitados na Califórnia, Hawai, Michigan e Vermont.

Medicina Brasileira não tem conhecimento para acompanhar gravidez aos nove anos

No Brasil fica mais fácil matar duas crianças do que utilizar recursos técnicos e financeiros para salvaguardar a vida humana. Será que ninguém tirou uma foto das duas crianças assassinadas? Seria muito propício mostrar aos indignados cidadãos brasileiros com o bispo de Recife.

Peruana de 5 anos é a mãe mais jovem do mundo
http://tecnocientista.info/hype.asp?cod=6182 - 24/10/2007

Uma indígena moradora dos Andes, muito cansada chegou ao hospital de Pisco, no Peru com sua pequena e tímida filha, com menos de um metro de altura e um enorme abdômen. Apontando para a criança que estava assustada a mulher implorou para o cirurgião Geraldo Lozada exorcizar os maus espíritos que a haviam possuído. Certo de que a pequena Lina Medina tinha um tumor abdominal, o Dr. Geraldo a examinou e tomou o maior susto de sua vida quando descobriu que ela estava grávida de oito meses.

Mãe aos nove anos de idade
http://diario.iol.pt/noticia.html?id=704881div_id=4071 - 07/07/2006

Uma menina de 9 anos deu à luz na Selva Amazônica, no Brasil, uma menina, no fim de uma gravidez que o Departamento Nacional dos Índios admite resultar de uma violação. O bebe, que nasceu por cesariana, pesava 2,2 quilogramas e com boa saúde. A mãe foi encontrada na selva por operários que trabalhavam na construção de um gasoduto, dos campos de petróleo de Coari até à cidade de Manaus, 2.900 quilômetros. A avó da recém-nascida é da tribo Apurina, recusou-se a falar e a identidade do pai é desconhecida. Mãe e filha deverão receber cuidados médicos durante um mês, antes de regressar à aldeia de Jaturana, a cerca de 120 quilômetros de Manaus.

Carta do Papa Bento XVI aos bispos da Igreja Católica a propósito da remissão da excomunhão aos quatro bispos consagrados pelo arcebispo Lefebvre

CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA A PROPÓSITO DA REMISSÃO DA EXCOMUNHÃO
AOS QUATRO BISPO CONSAGRADOS PELO ARCEBISPO LEFEBVRE

Amados Irmãos no ministério episcopal!
A remissão da excomunhão aos quatro Bispos, consagrados no ano de 1988 pelo Arcebispo Lefebvre sem mandato da Santa Sé, por variadas razões suscitou, dentro e fora da Igreja Católica, uma discussão de tal veemência como desde há muito tempo não se tinha experiência. Muitos Bispos sentiram-se perplexos perante um facto que se verificou inesperadamente e era difícil de enquadrar positivamente nas questões e nas tarefas actuais da Igreja. Embora muitos Bispos e fiéis estivessem, em linha de princípio, dispostos a considerar positivamente a decisão do Papa pela reconciliação, contra isso levantava-se a questão acerca da conveniência de semelhante gesto quando comparado com as verdadeiras urgências duma vida de fé no nosso tempo. Ao contrário, alguns grupos acusavam abertamente o Papa de querer voltar atrás, para antes do Concílio: desencadeou-se assim um avalanche de protestos, cujo azedume revelava feridas que remontavam mais além do momento. Por isso senti-me impelido a dirigir-vos, amados Irmãos, uma palavra esclarecedora, que pretende ajudar a compreender as intenções que me guiaram a mim e aos órgãos competentes da Santa Sé ao dar este passo. Espero deste modo contribuir para a paz na Igreja.

Uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão. O gesto discreto de misericórdia para com quatro Bispos, ordenados válida mas não legitimamente, de improviso apareceu como algo completamente diverso: como um desmentido da reconciliação entre cristãos e judeus e, consequentemente, como a revogação de quanto, nesta matéria, o Concílio tinha deixado claro para o caminho da Igreja. E assim o convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objectivo do meu trabalho teológico pessoal. O facto de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste. Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.
Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições. Um ordenação episcopal sem o mandato pontifício significa o perigo de um cisma, porque põe em questão a unidade do colégio episcopal com o Papa. Por isso a Igreja tem de reagir com a punição mais severa, a excomunhão, a fim de chamar as pessoas assim punidas ao arrependimento e ao regresso à unidade. Passados vinte anos daquelas ordenações, tal objectivo infelizmente ainda não foi alcançado. A remissão da excomunhão tem em vista a mesma finalidade que pretende a punição: convidar uma vez mais os quatro Bispos ao regresso. Este gesto tornara-se possível depois que os interessados exprimiram o seu reconhecimento, em linha de princípio, do Papa e da sua potestade de Pastor, embora com reservas em matéria de obediência à sua autoridade doutrinal e à do Concílio. E isto traz-me de volta à distinção entre pessoa e instituição. A remissão da excomunhão era um provimento no âmbito da disciplina eclesiástica: as pessoas ficavam libertas do peso de consciência constituído pela punição eclesiástica mais grave. É preciso distinguir este nível disciplinar do âmbito doutrinal. O facto de a Fraternidade São Pio X não possuir uma posição canónica na Igreja não se baseia, ao fim e ao cabo, em razões disciplinares mas doutrinais. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja. Por conseguinte, é necessário distinguir o nível disciplinar, que diz respeito às pessoas enquanto tais, do nível doutrinal em que estão em questão o ministério e a instituição. Especificando uma vez mais: enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros – embora tenham sido libertos da punição eclesiástica – não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja.

À luz desta situação, é minha intenção unir, futuramente, a Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei»– instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – à Congregação para a Doutrina da Fé. Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas. Os organismos colegiais pelos quais a Congregação estuda as questões que se lhe apresentam (especialmente a habitual reunião dos Cardeais às quartas-feiras e a Plenária anual ou bienal) garantem o envolvimento dos Prefeitos de várias Congregações romanas e dos representantes do episcopado mundial nas decisões a tomar. Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.

Dito isto, espero, amados Irmãos, que tenham ficado claros tanto o significado positivo como os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. Mas resta a questão: Tal provimento era necessário? Constituía verdadeiramente uma prioridade? Não há porventura coisas muito mais importantes? Certamente existem coisas mais importantes e mais urgentes. Penso ter evidenciado as prioridades do meu Pontificado nos discursos que pronunciei nos seus primórdios. Aquilo que disse então permanece inalteradamente a minha linha orientadora. A primeira prioridade para o Sucessor de Pedro foi fixada pelo Senhor, no Cenáculo, de maneira inequivocável: «Tu (…) confirma os teus irmãos» (Lc 22, 32). O próprio Pedro formulou, de um modo novo, esta prioridade na sua primeira Carta: «Estai sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar a razão da esperança que está em vós» (1 Ped 3, 15). No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais.
Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo. Segue-se daqui, como consequência lógica, que devemos ter a peito a unidade dos crentes. De facto, a sua desunião, a sua contraposição interna põe em dúvida a credibilidade do seu falar de Deus. Por isso, o esforço em prol do testemunho comum de fé dos cristãos – em prol do ecumenismo – está incluído na prioridade suprema. A isto vem juntar-se a necessidade de que todos aqueles que crêem em Deus procurem juntos a paz, tentem aproximar-se uns dos outros a fim de caminharem juntos – embora na diversidade das suas imagens de Deus – para a fonte da Luz: é isto o diálogo inter-religioso. Quem anuncia Deus como Amor levado «até ao extremo» deve dar testemunho do amor: dedicar-se com amor aos doentes, afastar o ódio e a inimizade, tal é a dimensão social da fé cristã, de que falei na Encíclica Deus caritas est.

Em conclusão, se o árduo empenho em prol da fé, da esperança e do amor no mundo constitui neste momento (e, de formas diversas, sempre) a verdadeira prioridade para a Igreja, então fazem parte dele também as pequenas e médias reconciliações. O facto que o gesto submisso duma mão estendida tenha dado origem a um grande rumor, transformando-se precisamente assim no contrário duma reconciliação é um dado que devemos registar. Mas eu pergunto agora: Verdadeiramente era e é errado ir, mesmo neste caso, ao encontro do irmão que «tem alguma coisa contra ti» (cf. Mt 5, 23s) e procurar a reconciliação? Não deve porventura a própria sociedade civil tentar prevenir as radicalizações e reintegrar os seus eventuais aderentes – na medida do possível – nas grandes forças que plasmam a vida social, para evitar a segregação deles com todas as suas consequências? Poderá ser totalmente errado o facto de se empenhar na dissolução de endurecimentos e de restrições, de modo a dar espaço a quanto nisso haja de positivo e de recuperável para o conjunto? Eu mesmo constatei, nos anos posteriores a 1988, como, graças ao seu regresso, se modificara o clima interno de comunidades antes separadas de Roma; como o regresso na grande e ampla Igreja comum fizera de tal modo superar posições unilaterais e abrandar inflexibilidades que depois resultaram forças positivas para o conjunto. Poderá deixar-nos totalmente indiferentes uma comunidade onde se encontram 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis? Verdadeiramente devemos com toda a tranquilidade deixá-los andar à deriva longe da Igreja? Penso, por exemplo, nos 491 sacerdotes: não podemos conhecer toda a trama das suas motivações; mas penso que não se teriam decidido pelo sacerdócio, se, a par de diversos elementos vesgos e combalidos, não tivesse havido o amor por Cristo e a vontade de anunciá-Lo e, com Ele, o Deus vivo. Poderemos nós simplesmente excluí-los, enquanto representantes de um grupo marginal radical, da busca da reconciliação e da unidade? E depois que será deles?

É certo que, desde há muito tempo e novamente nesta ocasião concreta, ouvimos da boca de representantes daquela comunidade muitas coisas dissonantes: sobranceria e presunção, fixação em pontos unilaterais, etc. Em abono da verdade, devo acrescentar que também recebi uma série de comoventes testemunhos de gratidão, nos quais se vislumbrava uma abertura dos corações. Mas não deveria a grande Igreja permitir-se também de ser generosa, ciente da concepção ampla e fecunda que possui, ciente da promessa que lhe foi feita? Não deveremos nós, como bons educadores, ser capazes também de não reparar em diversas coisas não boas e diligenciar por arrastar para fora de mesquinhices? E não deveremos porventura admitir que, em ambientes da Igreja, também surgiu qualquer dissonância? Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. E se alguém ousa aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso – perde também o direito à tolerância e pode de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência.
Amados Irmãos, nos dias em que me veio à mente escrever-vos esta carta, deu-se o caso de, noSeminário Romano, ter de interpretar e comentar o texto de Gal 5, 13-15. Notei com surpresa o carácter imediato com que estas frases nos falam do momento actual: «Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a lei se resume nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tomai cuidado em não vos destruirdes uns aos outros». Sempre tive a propensão de considerar esta frase como um daqueles exageros retóricos que às vezes se encontram em São Paulo. E, sob certos aspectos, pode ser assim. Mas, infelizmente, este «morder e devorar» existe também hoje na Igreja como expressão duma liberdade mal interpretada. Porventura será motivo de surpresa saber que nós também não somos melhores do que os Gálatas? Que pelo menos estamos ameaçados pelas mesmas tentações? Que temos de aprender sempre de novo o recto uso da liberdade? E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor? No dia em que falei disto noSeminário Maior, celebrava-se em Roma a festa de Nossa Senhora da Confiança. De facto, Maria ensina-nos a confiança. Conduz-nos ao Filho, de Quem todos nós podemos fiar-nos. Ele guiar-nos-á, mesmo em tempos turbulentos. Deste modo quero agradecer de coração aos numerosos Bispos que, neste período, me deram comoventes provas de confiança e afecto, e sobretudo me asseguraram a sua oração. Este agradecimento vale também para todos os fiéis que, neste tempo, testemunharam a sua inalterável fidelidade para com o Sucessor de São Pedro. O Senhor nos proteja a todos nós e nos conduza pelo caminho da paz. Tais são os votos que espontaneamente me brotam do coração neste início da Quaresma, tempo litúrgico particularmente favorável à purificação interior, que nos convida a todos a olhar com renovada esperança para a meta luminosa da Páscoa.

Com uma especial Bênção Apostólica, me confirmo
Vosso no Senhor

BENEDICTUS PP. XVI
Vaticano, 10 de Março de 2009.
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CNBB fala sobre o caso a menina violentada em Alagoinha

 

 

Coletiva

“É lamentável o acontecido”, disse o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, a respeito do abuso sexual sofrido pela menina de nove anos em Alagoinhas, que ficou grávida de gêmeos e abortou. “Mais lamentável ainda é o fato de que não se trata de um caso isolado. Infelizmente, temos no Brasil inúmeras denúncias de exploração sexual e até de tráfico de crianças. Alguns dos nossos bispos estão sendo ameaçados no Pará por denunciar esse tipo de prática de exploração contra crianças e adolescentes”, lembrou o bispo durante entrevista coletiva à imprensa realizada hoje, na sede da CNBB, em Brasília, na qual estiveram presentes o presidente, vice-presidente e o assessor de Direito Canônico, respectivamente, dom Geraldo Lyrio Rocha, dom Luiz Soares e padre  Enrique Pujol.

Para dom Dimas, esses casos de violência contra crianças e adolescentes lembram a Campanha da Fraternidade deste ano que traz como tema “Fraternidade e Segurança Pública”. “A Campanha da Fraternidade aponta a violência doméstica como um fator de insegurança”, disse.

Excomunhão
Para dom Geraldo Lyrio Rocha, não se pode reduzir a violência ocorrida com a menina de Alagoinha à questão da excomunhão. Ele lembrou que a nota da CNBB, divulgada na sexta-feira da semana passada, manifesta, em primeiro lugar, solidariedade à família da criança que está passando por um constrangimento enorme e condena o estuprador que deve pagar pelo crime segundo a justiça.
“Eu fico pensando na situação da mãe desta criança e nos demais familiares. É um enorme sofrimento, uma humilhação ter uma criança sendo explorada sexualmente pelo padrasto desde os seis anos de idade. Isto é uma coisa repugnante e me causa estranheza que este aspecto tão repugnante tenha se diluído diante da história da excomunhão, que precisa, sim, ser tratada. Porém reduzir uma problemática deste porte unicamente ao episódio da história da excomunhão é esvaziar uma questão sobre a qual a consciência nacional precisa ser despertada”, disse.

Segundo dom Geraldo, excomunhão não é sinônimo de condenação ao inferno, mas trata-se de um ato disciplinar da Igreja. "A excomunhão existe para chamar atenção para a gravidade do ato. O aborto traz consigo essa pena porque está se diluindo a gravidade do aborto até mesmo entre os cristãos. Quem viola isto, se coloca fora da comunidade eclesial", esclareceu.

Ainda de acordo com o presidente da CNBB, o estupro não é penalizado com a excomunhão porque todos já têm consciência de que se trata de um ato repugnante. "O estupro é uma coisa tão repugnante que a Igreja não precisa chamar a atenção para ele, está na consciência de todos. O aborto não, por isso a excomunhão não é só para punir, mas para que quem praticou o ato possa perceber a gravidade e buscar sua reconciliação", afirmou dom Geraldo.
Para dom Dimas, o arcebispo dom José Cardoso Sobrinho “não excomungou ninguém”, apenas lembrou uma norma que existe no Direito Canônico. “Em alguns casos especiais se prevê este tipo de pena, como por exemplo, a profanação do Santíssimo Sacramento, ou o caso do padre que revela um segredo de confissão, em que a pessoa, pelo simples fato de cometer este tipo de ato, se coloca fora da comunhão da Igreja”, explicou. É a chamada excomunhão latae sententiae.

O presidente da CNBB concorda com dom Dimas. "Na verdade, o arcebispo não excomungou ninguém. Ele anunciou que este tipo de ato traz consigo tal possibilidade, de acordo com o que prevê o Código de Direito Canônico", esclareceu.

Dom Dimas disse que, para incorrer em excomunhão, a pessoa precisa ter consciência da gravidade do ato e liberdade para praticá-lo. “Em qualquer tipo de pecado existem as circunstâncias. Uma coisa é a pessoa agir deliberadamente contra o outro. Outra coisa é a pessoa agir sob pressão ou sob efeito da droga, por exemplo. Neste sentido existe uma previsão no Código de Direito Canônico, considerando a gravidade do aborto, de que as pessoas que trabalham contra o nascituro, consciente e livremente, se colocam fora da Igreja, porque já não comungam com o pensamento cristão que é a defesa da vida”.

Para dom Dimas, a Igreja considera o aborto um ato grave, sobretudo por aqueles que o praticam conscientemente. “Os que praticam o aborto com consciência e as clínicas de aborto não estão em comunhão com o pensamento cristão em defesa da vida”, recordou.

O secretário deixou claro também que a criança violentada não incorreu em excomunhão. “Eu acredito que a mãe dela também não [incorreu na excomunhão] porque ela agiu sob pressão”, disse.