PAPA NA AUDIÊNCIA GERAL: "CRISTIANISMO NÃO É O CAMINHO DA COMODIDADE"
Cidade do Vaticano, 05 nov (RV) - Nesta quarta-feira, o Santo Padre manteve seu habitual encontro com os fiéis na Praça São Pedro. Milhares de pessoas ouviram a catequese do papa, que mais uma vez falou do apóstolo Paulo, neste ano em que se celebram os dois mil anos de seu nascimento.
Bento XVI explicou que em sua primeira carta aos Coríntios, São Paulo assinala a importância da ressurreição de Cristo para a fé cristã. Sozinha, a Cruz não poderia explicar a fé cristã, ou melhor, seria uma tragédia, indicaria a absurdidade do ser. A ressurreição é o centro gravitacional do cristianismo, nela se encontra a solução ao problema da Cruz.
Todo o ensinamento de Paulo parte do e sempre chega ao mistério d'Aquele que o Pai ressuscitou da morte. A ressurreição é um dado fundamental com base no qual Paulo pôde formular o seu anúncio, kerygma.
Esta teologia desenvolvida por Paulo, que o papa define como "não doutrinal, mas vivida", ilustra o nexo entre receber e transmitir o anúncio da ressurreição de Cristo – o que faz de Paulo um modelo para todos os tempos sobre como fazer teologia e como pregar: "O teólogo, o pregador não cria novas visões do mundo e da vida, mas está a serviço da verdade transmitida, a serviço do fato real de Cristo, da Cruz, da ressurreição. A tarefa do teólogo é ajudar-nos a compreender hoje a realidade do 'Deus conosco'. Portanto, a realidade da verdadeira vida".
Ao anunciar a ressurreição, S. Paulo enfrenta o tema respondendo a dúvidas e perguntas concretas feitas pelos fiéis. Um discurso no qual emergem três questões essenciais. Primeiramente, o fato da ressurreição, sem o qual a vida cristã seria simplesmente absurda. Em seguida, sua relação com o testemunho de quem fez uma experiência direta do Ressuscitado e, conseqüentemente, o tema das aparições, que são condição fundamental para a fé em Cristo, que deixou o túmulo vazio.
Mas o que este evento nos diz passados dois mil anos? A afirmação "Cristo ressuscitou" é atual também para nós? O papa responde: "A novidade da ressurreição consiste no fato de que Jesus, elevado da humildade da sua existência terrena, é constituído Filho de Deus 'com potência'. (...) Com a ressurreição, tem início o anúncio do Evangelho de Cristo a todos os povos. A ressurreição revela definitivamente qual é a autêntica identidade e a extraordinária grandeza do Crucificado. Uma dignidade incomparável e altíssima: Jesus é Deus!".
Todavia, adverte Bento XVI, a teologia da Cruz não é uma teoria. É a realidade da vida cristã. Viver na fé em Jesus Cristo, viver a verdade e o amor implica renúncias todos os dias, implica sofrimentos: "O cristianismo não é o caminho da comodidade, pelo contrário, é uma escalada exigente, iluminada, porém, pela luz de Cristo e pela grande esperança que nasce d'Ele. Somente assim, experimentando o sofrimento, conhecemos a vida na sua profundidade, na sua beleza, na grande esperança suscitada por Cristo crucificado e ressuscitado. (...) Não basta levar a fé no coração, mas devemos testemunhá-la com palavras, com a nossa vida, tornando presente, assim, a verdade da Cruz e da ressurreição na nossa história".
NR: Caros irmãos, infelizmente encontramos em nossas comunidades pessoas que ainda pensam que a Igreja é o "porto seguro para a realização de projetos pessoais". Quanto mais nos envolvemos no conhecimento da Palavra de Deus, maior nosso compromisso no serviço aos irmãos necessitados. Sem o sofrimento não há possibilidade de se compreender o verdadeiro sentido do amor cristão. O diaconato encontra no testemunho de vida a razão de sua existência, pois, sem o envolvimento direto nos trabalhos pastorais não há verdadeira vocação. Que os irmãos que encontraram a "comodidade" na Igreja, atentem a estas palavras de nosso pontífice.
Fonte: Radio Vaticano


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