
Esta breve reflexão foi desenvolvida com base nas Meditações desenvolvidas pelo Padre A.C.R. Keller, por ocasião do Retiro dos Diáconos Permanentes da Arquidiocese de São Paulo, realizado em setembro de 2007.
A busca da espiritualidade diaconal está baseada no “servir como Cristo serviu”, o que dará “alma” ao ministério diaconal. Existe o perigo de se fazer as coisas como “rotina” e não como um serviço amoroso, onde se envolve com o coração.
Uma vez ordenados, a mudança é ontológica, o próprio ser é levado a uma mudança estrutural em sua vida no meio do povo. O atendimento ao chamado à vocação diaconal é uma resposta a Deus do homem relacionado com a família, via sacramento do matrimônio, que santifica a relação homem-mulher.
Neste contexto, as meditações foram norteadas no sentido de passar do “fazer” para o “ser” diácono. Envolver-se com a missão da Igreja no mundo vivendo o “Duc in Altum”, passando de pescadores de “anzol” para “rede”. A situação do homem frente à evolução científica e tecnológica é de uma desumanização crescente. O diácono é o homem que dentro do contexto família-sociedade, precisa interpretar e vivenciar os fatos da evolução como sinais dos tempos à luz do Evangelho de Jesus Cristo. Aproximar as pessoas do Cristo, testemunhando a vocação à santidade.
O que atualmente pode salvar o mundo são os homens e mulheres santos, que consagram sua vida ao serviço do amor a Deus e ao próximo. Servir a Deus é servir ao próximo: este é um único e maior mandamento. O diácono, ao envolver sua família e comunidade no serviço, toma consciência de sua pequenez humana e passa a perseguir sua configuração ao Cristo, fazendo-o crescer em sua vida consagrada ao serviço, principalmente aos menos favorecidos.
O diácono vive a essência de sua vida espiritual numa tríplice relação na estrutura desse ministério: a relação com Cristo, fonte da vocação diaconal; a relação com a Igreja, amando-a como Cristo a amou e relacionando-se com o clero, particularmente ligando-se ao Bispo de forma “sobrenatural” e a relação com os irmãos, pois todo homem é o destinatário do amor de Deus.
O diácono é convidado a vigiar e a orar para superar as fadigas da caminhada, perseguindo sempre sua adesão a Cristo. Somos diáconos seculares, no sentido de viver no mundo real onde a Igreja faz-se presente através do ministério. Ser diácono no mundo da Igreja, do trabalho, da família e, enfim, em todos os setores da sociedade. Para isso é preciso ser primeiro um bom “ouvinte” da Palavra de Deus para que nossa pregação seja verdadeiro anúncio da Boa Nova. Não podemos ser meros “repetidores” da Palavra, e sim transmissores da doutrina da Igreja sobre as diversas questões que se apresentam no mundo.
A Eucaristia, a penitência e a oração regulares, melhoram nossa vida em todos os sentidos, levando-nos a amar mais, sabendo que não estamos sozinhos nesta empreitada.
Valorizar a cada momento a dignidade e o compromisso matrimonial, numa sociedade em que se prega que o moderno é a falta de vínculo nas uniões entre homem e mulher. O diácono é o homem da família que vive com seriedade e dedicação seu compromisso sacramental do matrimônio. Foram analisadas as conseqüências sociais da falta de famílias estruturadas e os elevados índices de violência em vigor nas cidades e no mundo.
O caminho para que sejamos diáconos santos é a vida em generosidade e no serviço amoroso às pessoas. Como vocação divina e primeira, o diácono é chamado a vivenciar o matrimônio como alimento do amor a Cristo e sua Igreja. O diácono precisa encontrar o equilíbrio entre o sacramento da Ordem e o do Matrimônio, precisando para isso contar com a esposa e os filhos, procurando sempre melhorar a qualidade de sua vida. O amor conjugal está em constante evolução, está sempre “em obras”, só se concluindo com a morte.


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