terça-feira, 30 de setembro de 2008

Carta aos agentes de música litúrgica do Brasil

Brasília-DF, 25 de setembro de 2008
ML – C – Nº 0845/08

A liturgia ocupa um lugar central em toda a ação evangelizadora da Igreja. Ela é o “cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde emana toda a sua força” (SC 10). Nela, o discípulo realiza o mais íntimo encontro com seu Senhor e dela recebe a motivação e a força máximas para a sua missão na Igreja e no mundo (cf. DGAE nº 67). 
Há uma relação muito profunda entre beleza e liturgia. Beleza não como  mero esteticismo, mas como modalidade pela qual a verdade do amor de Deus em Cristo nos alcança, fascina e arrebata, fazendo-nos sair de nós mesmos e atraindo-nos assim para a nossa verdadeira vocação: o amor (cf. SCa 35).  Unida ao espaço litúrgico, a música é genuína expressão de beleza, tem especial capacidade de atingir os corações e, na liturgia, grande eficácia pedagógica para levá-los a penetrar no mistério celebrado.
Acompanhamos, com entusiasmo e alegria, o florescer de grupos de canto e música litúrgica, grupos instrumentais e vocais, que exercem o importante ministério de zelar pela beleza e profundidade da liturgia através do canto e da música. Sua animação e criatividade encantam muitos daqueles que participam das celebrações litúrgicas em nossas comunidades. Ao soar dos primeiros acordes e ao canto da primeira nota, sentimos mais profundamente a presença de Deus.
Lembramos alguns aspectos importantes que contribuem para a grandeza do mistério celebrado.
      1. A importância da letra na música litúrgica - a letra tem a primazia, a música está a seu serviço. A descoberta da beleza de um canto litúrgico passa necessariamente pela análise cuidadosa do conteúdo do texto e da poesia. A beleza estética não é o único critério. Muitas músicas cantadas em nossas liturgias estão distanciadas do contexto celebrativo. “Verdadeiramente, em liturgia, não podemos dizer que tanto vale um cântico como outro; é necessário evitar a improvisação genérica e o canto deve integrar-se na forma própria da celebração” (SCa 42). Não é possível cantar qualquer canto em qualquer momento ou em qualquer tempo. O canto “precisa estar intimamente vinculado ao rito, ou seja, ao momento celebrativo e ao tempo litúrgico” (DGAE 76). Antes de escolher um canto litúrgico é preciso aprofundar o sentido dos textos bíblicos, do tempo litúrgico, da festa celebrada e do momento ritual.
      2. A participação da assembléia no canto - o Concílio Vaticano II enfatiza a participação ativa, consciente, plena, frutuosa, externa e interna de todos os fiéis (cf. SC 14). O canto litúrgico não é propriedade particular de um cantor, animador, ou de um seleto grupo de cantores. A liturgia permite alguns momentos para solos (tanto vocais quanto instrumentais), porém a assembléia deve ter prioridade na execução dos cantos litúrgicos. O animador ou o cantor tem a importante missão, como elemento intrínseco ao serviço que presta à comunidade, de favorecer o canto da assembléia, ora sustentando, ora fazendo pequenos gestos de regência, contribuindo para a participação ativa de toda a comunidade celebrante.
      3. Cuidado com o volume dos instrumentos e microfones - em muitas comunidades, o excessivo volume dos instrumentos, como também a grande quantidade de microfones para os cantores, às vezes, não contribuem para um mergulho no mistério celebrado, antes, provocam a agitação interior e a dispersão, além de inibir a participação da assembléia no canto. Pede-se cuidado com o volume do som, a fim de que as celebrações sejam mais orantes , pois tudo deve contribuir para a beleza do momento ritual.
     4. Cultivar uma espiritualidade litúrgica - os cantores e instrumentistas exercem um verdadeiro ministério litúrgico (SC 29). A celebração não é um momento para fazer um show, para apresentação de qualidades e aptidões. Os cantores e instrumentistas devem, antes de tudo, mergulhar no mistério, ouvir e acolher com a devida atenção a Palavra de Deus e participar intensamente de todos os momentos da celebração. Música litúrgica e espiritualidade litúrgica devem andar juntas, são duas asas de um mesmo vôo, duas nascentes de uma mesma fonte.
Invocamos as luzes do Espírito Santo sobre todos os agentes de música litúrgica de nosso país. Reconhecemos o valoro do ministério exercido a serviço de celebrações reveladoras da beleza suprema do Deus criador e da atualização do Mistério Pascal de Jesus Cristo.

D. Joviano de Lima Júnior, SSS
Arcebispo de Ribeirão Preto e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia

Eleicões 2008: Dom Tomé

Republicamos este artigo desenvolvido pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Tomé Ferreira da Silva, da Região Episcopal Ipiranga. O tema é apropriado para nos orientar para a Votação que acontece no próximo fim de semana.

Estamos a menos de um mês das eleições municipais no Brasil, oportunidade para escolher um prefeito digno e bons vereadores para nossa cidade. É um momento significativo e importante da vida social, pois dos escolhidos dependerá, em grande parte, a vida da cidade nos próximos anos.

Não é fácil estabelecer critérios objetivos que orientem as escolhas políticas no Brasil. A inexistência de partidos políticos consistentes, o despreparo para um criterioso discernimento, a corrupção e o clientelismo são fatores que influenciam negativamente.

Em São Paulo não faltam alternativas de candidatos para a Prefeitura e para a Câmara dos Vereadores, são postulantes de todos os partidos políticos, oriundos dos mais diversos setores da sociedade. Para os eleitores paulistanos é uma questão de escolher corretamente.

O candidato tem uma vida pessoal e pública conduzida por uma ética de inspiração cristã? As propostas apresentadas são viáveis e em benefício da coletividade? O partido político postula princípios em consonância com os valores cristãos?

As respostas às perguntas acima podem ajudar no bom discernimento na escolha dos candidatos. Precaução diante de propagandas falaciosas e teatralizadas e atenção ao currículo dos candidatos são atitudes necessárias.

Votar bem é um gesto de amor, pois a caridade cristã deve marcar presença na política, que deve ser abraçada em vista do bem comum. Somos responsáveis pelos nossos atos, também pelo nosso voto. Votar mal não combina com vida cristã autêntica.

Votar não deveria ser uma obrigação imposta pelo Estado, mas um ato livre do cidadão. Ao votar, devo fazê-lo responsavelmente, consciente de que é minha contribuição para o bem da cidade que amo. Com o seu voto consciente, vençam os melhores!

+Tomé Ferreira da Silva - Bispo Auxiliar de São Paulo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os Diáconos Permanentes na Igreja

 

26 Sep 2008

Dom Aloísio Sinésio Bohn

Leio duas notícias, referente à Igreja Católica. A primeira: Dia 26 de setembro acontece em Santa Cruz do Sul o Encontro Estadual dos Diáconos permanentes. A segunda: nesta ocasião haverá a ordenação diaconal de Ingo Stertz, pai de família e conhecido líder comunitário.

O Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1964, aprovou a seguinte resolução: “O Diaconado permanente poderá ser restaurado como um grau próprio e permanente da hierarquia. Pode ser conferido a homens de idade mais madura, mesmo casado” (LG, nº 74). Havia séculos que os Diáconos eram apenas ordenados como um passo para a ordenação presbiteral. A restauração do Diaconado como um ministério permanente foi considerado um ato de coragem e pastoralmente muito oportuno.

O episcopado gaúcho aderiu à iniciativa conciliar e hoje os Diáconos permanentes são uma feliz realidade, em franca expansão. No Rio Grande do Sul, salvo engano, são em número de 146.

A integração na Ordem dos Diáconos é feita por um rito chamado de “Ordenação”. O sinal visível desta consagração diaconal é a imposição das mãos do bispo e a oração consecratória. A tradição de só o bispo impor as mãos quer significar que o Diácono está especialmente ligado ao Bispo nas tarefas de sua “Diaconia”.

O Código de Direito Canônico (Cân. 266) determina que não haja clérigo vago ou acéfalo. Por isso o Diácono pela ordenação é incardinado na Diocese para cujo serviço é promovido.

As grandes assembléias episcopais da América Latina e do Caribe aderiram à restauração dos Diáconos permanentes como “um fenômeno animador”. Em Santo Domingo os Bispos se comprometeram a “Criar os espaços necessários para que os Diáconos colaborem na animação dos serviços na Igreja, detectando e promovendo líderes, estimulando a co-responsabilidade de todos para uma cultura de reconciliação e de solidariedade” (SD, 77).

O último Concílio sintetizou as funções dos Diáconos assim: “Fortalecidos com a graça sacramental, os Diáconos servem ao povo de Deus  na diaconia  da liturgia, da palavra e da caridade em comunhão com o Bispo e seu Presbitério” (LG, 29).

Diaconia significa serviço. Por isso o carisma e a espiritualidade do Diácono é ser sinal sacramental de “Cristo Servo”. Assim contribui para a realização duma Igreja servidora e pobre (Puebla, nº 697).

A presença dos Diáconos permanentes na Igreja, ao lado de tantos outros ministérios do povo de Deus, contribui para um melhor atendimento pastoral dos fiéis, para uma evangelização mais eficaz, porque feita por pessoas inseridas nas comunidades e pelo exercício mais partilhado do poder sagrado na Igreja. Em síntese, para uma Igreja em comunhão e participação.

Fonte: site da CNBB

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ano Paulino 2

Bento XVI: antes de evangelizar, São Paulo encontrou Jesus

24/09/2008

Dedicada novamente ao Apóstolo dos Gentios a catequese da Audiência Geral.

As relações entre São Paulo e os Apóstolos são marcadas por um profundo respeito, destacou na manhã de hoje Bento XVI na catequese durante a audiência geral de quarta-feira. A importância que o próprio São Paulo confere à Tradição viva da Igreja, que transmite às suas comunidades, demonstra o quanto seja errada a visão de quem atribui a Paulo a invenção do cristianismo: antes de evangelizar São Paulo encontrou Jesus na estrada de Damasco e o freqüentou na Igreja, observando a vida dos Doze e daqueles que o seguiram pelas estradas da Galiléia.

“Quanto mais procuramos encontrar as pegadas de Jesus de Nazaré nas estradas da Galiléia, tanto mais podemos compreender que Ele assumiu a nossa humanidade, compartilhando-a em tudo, menos no pecado. A nossa fé não nasce de um mito, nem de uma idéia, mas sim do encontro com o Ressuscitado, na vida da Igreja”.

Fonte: H2O News

Ano Paulino 2

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Fé Cristã não nasce de um Mito

Bento XVI defendeu esta Quarta-feira, no Vaticano, que o cristianismo não nasce de "um mito", mas “do encontro com a pessoa de Jesus de Nazaré, Cristo ressuscitado”.

Perante cerca de 15 mil peregrinos e turistas, reunidos na Praça de São Pedro, o Papa apresentou uma ampla catequese sobre a figura de São Paulo, na audiência geral desta semana.

Depois de ter chegado ao Vaticano de helicóptero , proveniente de Castel Gandolfo, Bento XVI considerou que é errada a visão de quem atribui a Paulo a “invenção do Cristianismo”, frisando que antes de evangelizar, o Apóstolo “encontrou Cristo no caminho de Damasco e frequentou a Igreja, observando-o na vida dos 12 e naqueles que o seguiram nas estradas da Galileia”.

“Quanto mais procurarmos reencontrar as pegadas de Jesus de Nazaré nas estradas da Galileia - disse o Papa – tanto mais poderemos compreender que ele carregou sobre si a nossa humanidade, partilhando-a totalmente, excluindo o pecado”.

Bento XVI lembrou a importância que São Paulo atribuía à tradição viva da Igreja. Nesse contexto, falou das suas relações com os 12 Apóstolos, que “tinham a chancela do profundo respeito e da franqueza que caracterizava São Paulo no anúncio do Evangelho”.

Como habitualmente, o Papa dirigiu aos “amados peregrinos de língua portuguesa, uma cordial saudação”. “Aqui, em Roma, os santos apóstolos Pedro e Paulo derramaram o seu sangue, confessando a sua fé no Senhor Jesus. As gerações recolheram e transmitiram esse testemunho: hoje é a nossa hora! Mostrai a todos a felicidade que é amar Jesus Cristo. Aprendei a segui-Lo e a imitá-Lo, como fez a Virgem Maria”, indicou.

No final da audiência geral, saudando um grupo de jovens de uma associação pela paz da cidade italiana de Arezzo, entre os quais alguns provenientes do Cáucaso, o Papa fez votos de que este seu encontro contribua para afirmar uma justa cultura da convivência pacifica entre os povos e promover o diálogo e a reconciliação.

Fonte: Canção Nova

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Diaconato Permanente: Ação Social

Ação Social ou Ação Caritativa

Num momento de partilha num Encontro de Formação de Diáconos, surgiu a seguinte questão: o Diácono “precisa” exercer seu ministério numa Pastoral Social? O argumento surgiu porque o presidente exortava todos a valorizarem mais a Dimensão da Caridade, não em detrimento da Dimensão da Palavra nem da Dimensão da Liturgia, mas como conseqüência: dar testemunho da Palavra celebrada.

A exortação do presidente tinha razão de ser: a maioria dos Diáconos preferia mais a ação celebrativa/sacramental. Havia diáconos que diziam não ter “carisma” para uma ação social efetiva. Questionava-se também que o atendimento do diácono numa entrevista de matrimônio, batizado, ou aconselhamento pessoal ou familiar, tinham um caráter social, portanto, segundo esses, exerciam uma Pastoral Social.

Ao pedir minha opinião, lembro de ter dito: tudo tem um aspecto social, seja pela sociabilidade do contato, da acolhida, seja pelo efeito positivo que tem para a pessoa acolhida. Mas é preciso discernir o que é uma “ação social” do que é uma “ação caritativa”. Os defensores dessa idéia diziam: se celebramos com amor e carinho um Batismo, um Matrimônio, estamos fazendo ação social diaconal. Isso vale para a Celebração da Palavra e o atendimento paroquial.

Continua a ser uma questão de ponto de vista. Para mim, é uma questão de carisma, de exercício, de perguntar ao Senhor, como Paulo: “Que queres que eu faça?” (At 9,6). Maria, nas Bodas de Cana, já antecipava a resposta: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Então, fazer a vontade do Senhor é estar atento às necessidades do nosso próximo. Quando o Papa Bento XVI diz aos Diáconos para “estarem atentos às novas formas de pobreza”, é porque a Igreja, o Papa confia nos Diáconos para que cumpram o seu ministério.

Há Diáconos (perdoem a expressão) que não gostam de desgrudar o umbigo do Altar, do Ambão. Sentem-se valorizados assim. Valorizando somente a Dimensão Litúrgica, o diácono corre o risco de não se completar em seu ministério. É no testemunho da Palavra, celebrando dignamente a Liturgia, que o Diácono encontra força e motivação para exercer a Caridade. O exercício e testemunho da Palavra vivida na Liturgia abrem o coração e a mente para ver as necessidades dos pobres. O Documento de Aparecida (nº 207) é bem claro: “Eles (os diáconos) devem receber adequada formação humana, espiritual, doutrinal e pastoral com programas adequados que levem em consideração – no caso dos que são casados – a esposa e a família. Sua formação os habilitará a exercer seu ministério com fruto nos campos da evangelização, da vida das comunidades, da liturgia e da ação social, especialmente com os mais necessitados, dando assim testemunho de Cristo servidor ao lado dos enfermos, dos que sofrem, dos migrantes e refugiados, dos excluídos e das vítimas da violência e encarcerados.”Centenário Arq Diáconos

O exemplo da Escola Diaconal Santo Efrém, de Belém do Pará, de fazer com que os candidatos façam um estágio de dois anos na Cáritas Arquidiocesana, prestando serviços nas Pastorais Sociais, com certeza fará com que tenhamos diáconos cada vez mais comprometidos com a Dimensão do Ministério Diaconal como um todo. Como dizia um dos padres formadores no meu tempo de escola diaconal em Jundiaí: “Ser ministro extraordinário da Comunhão não é referencial maior para ser Diácono; o que conta mesmo é a vocação suscitada pelo Espírito Santo, alimentada pela Igreja, somada ao exercício pastoral numa comunidade, em especial com os menos favorecidos”.

O que nos alegra é a confiança de muitos bispos que estão confiando os trabalhos sociais, especialmente das Cáritas, aos Diáconos. Que isso sirva de testemunho e incentivo aos candidatos ao Diaconado, e que os formadores das Escolas Diaconais sejam motivadores do exercício pastoral nas comunidades.

Diácono José Carlos Pascoal
Assessor de Comunicação da CND (ENAC) e do Regional Sul 1

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Evangelho de Domingo 21 setembro de 2008

"Não posso fazer com os meus bens o que eu quero? Ou me olhas com inveja por eu ser bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos".

O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu para contratar trabalhadores para sua vinha. Acertado com eles o preço da diária, mandou-os para sua vinha. Saiu pelas nove horas da manhã e viu outros na praça sem fazer nada. E lhes disse: ‘Ide também vós para a vinha e eu vos darei o que for justo’. E eles foram. Saiu de novo, por volta do meio-dia e das três horas da tarde, e fez o mesmo. E, ao sair por volta das cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam desocupados e lhes disse: ‘Como é que estais aqui sem fazer nada o dia todo?’ Eles lhe responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. Ele lhes disse: ‘Ide também vós para a vinha’. Pelo fim do dia, o dono da vinha disse ao seu feitor: ‘Chama os trabalhadores e paga os salários, a começar dos últimos até os primeiros contratados’. Chegando os das cinco horas da tarde, cada um recebeu uma diária. E quando chegaram os primeiros, pensaram que iam receber mais. No entanto, receberam também uma diária. Ao receberem, reclamavam contra o dono, dizendo: ‘Os últimos trabalharam somente uma hora e lhes deste tanto quanto a nós, que suportamos o peso do dia e o calor’. E ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não te faço injustiça. Não foi esta a diária que acertaste comigo? Toma pois o que é teu e vai embora. Quero dar também ao último o mesmo que a ti. Não posso fazer com os meus bens o que eu quero? Ou me olhas com inveja por eu ser bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos".

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mulheres no Sínodo da Palavra

Vinte e cinco mulheres participarão do próximo Sínodo dos bispos
sobre a Bíblia, que se realizará em outubro em Roma. Destas, seis serão especialistas e 19 auditoras. Com essas nomeações, este sínodo, que tem por tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, terá a mais alta participação feminina na história desta instituição eclesial.

Entre as seis especialistas, a maior parte delas é professora de Sagrada Escritura, há duas italianas, uma norte-americana, uma espanhola, uma francesa e uma nigeriana. Entre elas está a religiosa americana Sara Butler e as professoras da Pontifícia Universidade Gregoriana Núria Calduch-Benages e Bruna Costacurta, além da monja trapense Germana Strola, do mosteiro de Vitorchiano (Itália), Mary Jerome Obiorah, membro das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e Marguerite Lena, da comunidade de vida consagrada "São Francisco Xavier".

Entre as auditoras figuram Maria Voce, atual presidenta dos focolares e Hanna-Barbara Gerl-Falkowitz, entre outras, muitas delas superioras gerais.


O DIACONADO À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA

“DA 205. Alguns discípulos e missionários do Senhor são chamados a servir à Igreja como diáconos permanentes, fortalecidos, em sua maioria, pela dupla sacramentalidade do Matrimônio e da Ordem. São ordenados para o serviço da Palavra, da Caridade e da Liturgia, especialmente para os sacramentos do Batismo e do Matrimônio; também para acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja”.

Novamente apresenta-se o grande desafio para o candidato ao ministério: compreender as três dimensões: Palavra, Liturgia e Caridade. Com a ordenação o diácono precisa encontrar o equilíbrio nessas dimensões em sua vida clerical. As expectativas criadas na Comunidades e nas Escolas Diaconais, talvez forçadas pela exigência de melhor formação litúrgica (auxiliar o sacerdote na Celebração Eucarística, presidir as Celebrações da Palavra, do Batismo e assistir aos Matrimônios), pode levar o Diácono, no ministério, a priorizar determinados serviços litúrgicos em detrimento da Caridade.

Em Medellín os Bispos latino-americanos não emitem juízo sobre o Diaconado, ainda iniciante, e onde são ordenados os primeiros diáconos brasileiros. Mas fazem uma observação interessante:

“...nota-se que a promoção do diaconado surgiu devido a determinadas exigências pastorais. Isso vem dando lugar a uma relativa pluralidade de formas na concepção, preparo e realização da ação dos candidatos ao diaconado, de acordo com os ambientes”. (Conclusões da Conferência de Medellín – 1968, Cap. 13 – Formação do Clero – Ed. Paulinas).

As Escolas Diaconais devem levar os candidatos à expectativa do serviço, conforme “as exigências pastorais” e “de acordo com os ambientes”, nunca ao “status”.

Sem ter a pretensão de criar “diaconias territoriais”, vários Bispos e Párocos confiam aos diáconos a formação e acompanhamento de novas comunidades, “onde não chega a ação evangelizadora da Igreja”. O diácono Duran comenta essas “fronteiras geográficas e culturais”:

“Supostas as condições que vimos anteriormente para que um diácono consiga desempenhar as funções de acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, vejamos agora a outra parte do n. 205. Os diáconos “são ordenados (...) também para acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais”. (Informativo Online “Diáconos”, Dezembro de 2007, pg. 2 – site da CND)

A palavra “especialmente” já indica uma prioridade. Entre os possíveis tipos de comunidades que poderiam ser acompanhadas pelos diáconos, os bispos sinalizam as comunidades que estão ordinariamente fora da ação evangelizadora da Igreja como aquelas que devem ser prioritariamente confiadas aos diáconos. Mas quais são essas novas fronteiras geográficas e culturais da missão da Igreja?

O DA (nº 207) afirma que: “Eles devem receber adequada formação humana, espiritual, doutrinal e pastoral com programas adequados que levem em consideração a esposa e a família”. Infere-se a importância do envolvimento de toda a família do candidato, na caminhada formativa. Conquanto se considere que a vocação é pessoal, a família certamente precisará compreender, acompanhar e vivenciar todo o processo formativo do candidato.

O diácono será habilitado a “exercer seu ministério com fruto nos campos da evangelização, da vida das comunidades, da liturgia e da ação social, especialmente com os mais necessitados, dando testemunho de Cristo servidor ao lado dos enfermos, dos que sofrem, dos migrantes e refugiados, dos excluídos e das vítimas da violência e encarcerados.”

O diácono permanente cria na Igreja a expectativa de um testemunho evangélico e um impulso missionário para que sejam apóstolos em suas famílias, em seus trabalhos, em suas comunidades e nas novas fronteiras da missão.

No n. 491 ao falar dos novos areópagos e centros de decisão onde tradicionalmente se faz cultura, o Documento enumera estas novas fronteiras culturais: o mundo das comunicações, a construção da paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, sobretudo das minorias, a promoção da mulher e das crianças, a ecologia e a proteção da natureza, o campo da experimentação científica, das relações internacionais.

Diáconos, discípulos missionários de Jesus Servidor.

Documento de Aparecida e a Formação Diaconal

Uma formação integral e acadêmica que contemplem o acompanhamento dos candidatos ao Ministério do Serviço

O Documento de Aparecida no ítem 282, esclarece sobre o caminho de formação dos discípulos, quando fala dos critérios gerais do processo de formação, ressaltando quais os critérios básicos para o acompanhamento dos discípulos. Cada pessoa deve ser acompanhada e formada de acordo com a peculiar vocação e ministério para o qual foi chamado e, no caso dos diáconos permanentes no "serviço vivificante, humilde e perseverante como ajuda valiosa para os bispos e presbíteros".

Fica aqui focalizado o ponto chave deste ministério, o serviço. E ao mesmo tempo o foco que requer maior atenção dos acompanhantes. É bom lembrar quais são as pessoas encarregadas de acompanhar a formação: “o diretor da formação, o tutor (onde o número o exigir), o diretor espiritual e o pároco (ou o ministro ao qual o candidato é confiado durante o tirocínio diaconal)”. (Cf. Normas, n.20). Todos devem ser de grande experiência e competência e agir unidos com o objetivo de que o formando alcance a sua configuração a Cristo-Servo.

Hoje temos que reconhecer que na nossa Igreja encontramos dificuldades para acompanhar a formação dos discípulos. Até para acompanhar os vocacionados ao presbiterado, que é a vocação que mais atenções recebem, nem sempre encontramos pessoas disponíveis. Sabemos que acompanhar exige muito mais do que simplesmente dar uma aula, ter uma hora semanal de catecismo ou fazer uma palestra. Acompanhar não é simplesmente observar de longe, mas caminhar juntos. Em época de individualismo e de ativismo, quem é que se dispõe a acompanhar os outros? Na questão de acompanhar a formação vale o mesmo apelo que é feito para acompanhar os pobres (Cf.n. 397). É necessário dedicar tempo, prestar atenção, escutar com interesse, compartilhar horas, semanas ou anos de nossa vida.

Os diáconos se deparam com a carência de acompanhantes capacitados e preparados para acompanhar esta vocação específica. Inclusive o que mais falta é justamente o acompanhamento espiritual e pastoral. O acompanhamento da formação intelectual é o que mais atenções recebe, mas o espiritual e pastoral deixa a desejar. É urgente que os nossos bispos invistam na capacitação de acompanhantes dos vocacionados ao diaconado e dos próprios diáconos. Acompanhantes especializados neste ministério. Acompanhantes apaixonados pela formação de discípulos servidores.

Fontes: DA, artigo do diác Durán.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Décimo Plano de Pastoral da ASP

Preparando o décimo Plano de Pastoral 

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer

13/09/2008

Aos poucos, o décimo Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo vai tomando forma. Sua elaboração já passou por várias fases; agora que o texto já está elaborado, deverá ir logo para as mãos dos Coordenadores de Pastoral nas Regiões Episcopais e Setores, para ser examinado e receber novas sugestões para melhorar a proposta do Plano; finalmente, ele deverá ser submetido à Assembléia Arquidiocesana de Pastoral dia 8 de novembro deste ano, para a aprovação.

 

O 10° Plano terá a função de ajudar-nos a “ser Igreja discípula e missionária em São Paulo”; será uma proposta articulada para a vida e a missão da Igreja no ambiente da metrópole paulistana, onde estamos mergulhados; nossa presença e atuação devem ter as características da “pastoral urbana”, pois somos uma “Igreja na cidade”.

O 10° Plano segue o método ver-julgar-agir. No “ver” nos defrontamos com as realidades eclesiais, históricas, culturais e sociais que estamos vivendo em São Paulo. A Conferência de Aparecida, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, da CNBB, o Centenário da Arquidiocese, o Ano Paulino, a situação e a atuação da Igreja nos vários ambientes da cidade são alguns aspectos do ver; mas é claro que também estão contemplados os múltiplos aspectos próprios da cidade de São Paulo, com seus desafios e possibilidades; este é o “campo da missão” da nossa Igreja.

O “julgar” apresenta os elementos orientadores e iluminadores da vida e da missão da Igreja em São Paulo. A pessoa de Jesus Cristo, profeta, sacerdote e pastor, e seu Evangelho são os referenciais permanentes para aquilo que a Igreja deve ser e fazer, ou tem a dizer na cidade. Ele é o Senhor da Igreja e o Supremo Pastor, que reúne seu povo, faz discípulos e caminha à frente deles. A Igreja é servidora de Jesus Cristo e do Evangelho do Reino de Deus por ele anunciado.

As orientações da Conferência de Aparecida, por outro lado, nos ajudam a definir melhor nossas prioridades e métodos para os próximos anos: uma atitude nova, para sermos uma Igreja em estado permanente de missão; isso requer a conversão pastoral de nossas organizações e, mais ainda, de nossas pessoas e das nossas atividades pastorais. Como cristãos, precisamos entender-nos sempre mais como “discípulos em missão”, para levar a vida nova de Cristo às pessoas, à comunidade e à sociedade.

O “agir” está orientado claramente pela preocupação em sermos discípulos na cidade de São Paulo, que é nosso “campo de missão”. Diversas são as tarefas que decorrem da missão confiada por Cristo à Igreja nesta cidade imensa. Antes de tudo, o Evangelho precisa ser anunciado, de muitas maneiras, aos que crêem e também aos que não crêem; devem ser nossa preocupação constante a pregação, o ensinamento da fé, a pastoral bíblico-catequética, a formação aprofundada dos cristãos e o anúncio profético do Evangelho do Reino de Deus também nos muitos “areópagos” da cidade.

Além disso, como discípulos-missionários de Cristo, temos a missão da glorificação da Deus e da santificação mediante o testemunho da vida segundo o Evangelho e da celebração dos Santos Mistérios; nossas pessoas, igrejas, casas paroquiais, conventos, escolas, obras sociais e demais espaços e iniciativas ligados à Igreja precisam ser sinais claros de que Deus habita esta cidade e lugares de acolhida e de encontro do povo com Deus. O valor simbólico e sagrado da Igreja precisa ser destacado.

Mas o agir também contempla o horizonte amplo da caridade e da esperança; como discípulos-missionários de Jesus Cristo, precisamos viver concretamente o amor ao próximo no empenho pela justiça social e pelo respeito à vida e à dignidade humana, na participação ativa da edificação da convivência humana na solidariedade, na paz e na assistência direta aos irmãos mais necessitados, doentes, pobres e excluídos.

Isso ainda não é tudo e pretendo voltar ao assunto na próxima semana. Mas qual será o elemento novo do 10° Plano? Muitas coisas podem ser novas, mas creio que o novo deverá ser, de fato, nossa atitude e a consciência eclesial, passando de uma Igreja “estabelecida” para uma Igreja que se assume sempre mais como missionária. Isso requer a conversão pastoral desejada em Aparecida. Também isso é novo e, talvez, o mais difícil de fazer. Mas o apóstolo São Paulo nos encoraja e olharmos para frente com coragem e perseverança! Ele interceda por nós!

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sínodo dos Bispos: A Palavra de Deus

Palavra santa do Senhor, eu guardarei no coração

Aproxima-se a Assembléia do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus. Bispos do mundo inteiro, convocados pelo Papa, estarão refletindo em Roma de 5 a 26 de outubro sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. O tema é da máxima importância, uma vez que a Igreja vive da Palavra de Deus, da mesma forma que vive da Eucaristia; sua razão de existir e sua primeira missão é o anúncio da Boa Nova da salvação “a toda criatura”.


Setembro, no Brasil, é o “mês da Bíblia” e a Igreja promove especialmente a pastoral bíblica, convidando todos a lerem cada dia a Sagrada Escritura, a rezarem com ela e a buscarem um conhecimento maior da Palavra do Senhor. Aconselho, pois, a ler algo daquilo que a Igreja diz sobre sua fé na Sagrada Escritura: a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, sobre a Palavra de Deus, ou o capítulo II do Catecismo da Igreja Católica (“Deus vem ao encontro do homem”).


Neste Ano Paulino, aconselho especialmente a leitura dos Atos dos Apóstolos, a partir do capítulo 9°, sobre a conversão e a atividade missionária do grande São Paulo; evidentemente, depois ler as Cartas Paulinas, passando este ano em companhia de Paulo. Estou certo que será de grande proveito. A CNBB orienta especialmente para a leitura da 2ª. Carta aos Coríntios; publicou até um subsídio para a leitura, a oração e o estudo do texto nos círculos bíblicos. Pode ser encontrado nas livrarias católicas.


Ser cristão e católico é o mesmo que ser discípulo de Jesus Cristo. Mas como pode alguém ser discípulo, se desconhece Jesus Cristo ou nunca teve na vida um encontro pessoal com ele? A Igreja recordou, na Conferência de Aparecida, que o encontro com Cristo se dá de diversas maneiras. Um dos “lugares” privilegiados para esse encontro é a leitura e acolhida da Palavra de Deus, com fé. Encontramos Jesus na Escritura, lida com fé na Igreja e também em particular. O mesmo Espírito de Deus que inspirou os escritos sagrados também age no coração de quem os lê e acolhe com fé verdadeira e com o desejo sincero de “ouvir Deus”.


Se queremos renovar a fé e nossa vida cristã, precisamos tornar-nos discípulos, que ouvem, acolhem e aprendem com a Palavra de Deus, deixando-nos orientar por ela. Desconhecer a Sagrada Escritura seria desconhecer a Cristo, caminho, verdade e vida; e desconhecer a Cristo, significa viver ainda longe da salvação. Como conseqüência, seria também renunciar à missão de anunciá-lo aos outros e ao mundo inteiro.


Por isso, o Papa Bento XVI convidou a Igreja, em Aparecida: “ao iniciar a nova etapa missionária que a Igreja da América Latina e do Caribe se propõe a empreender, a partir desta Conferência em Aparecida, é condição indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus, educando o povo na leitura e na meditação da Palavra: que ela se converta em seu alimento para que, por experiência própria, veja que as palavras de Jesus são espírito e vida (cf Jo 6,63). Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujo conteúdo e espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida na rocha da Palavra de Deus” (cf. Doc. Aparecida n° 247).


Os cristãos, discípulos de Jesus, precisam alimentar-se diariamente com o “pão da Palavra” e compartilhar esse pão com o mundo faminto e sedento da Palavra de Deus (cf Am 8,11). Nossas comunidades eclesiais e nossas famílias precisam ser lugares onde a Palavra do Senhor tem um lugar de destaque. Os pais, que têm filhos pequenos ou na idade da catequese, poderão iniciar os filhos no amor à Palavra santa do Senhor. Nossas liturgias sejam sempre momentos de bela proclamação e alegre acolhida da Palavra da salvação. E o tesouro da Palavra divina confiado à Igreja encha cada vez mais de bênção o coração das pessoas.

Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de S.Paulo

1/09/2008

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Documento de Aparecida e o Diaconato 1

Reflexões sobre o documento de Aparecida

Uma formação que contemple o acompanhamento dos discípulos

Na proposta de Aparecida sobre o caminho de formação dos discípulos missionários, quando fala dos critérios gerais do processo de formação, é colocado como um dos critérios que seja uma formação que contemple o acompanhamento dos discípulos (Cf.n. 282). Cada pessoa deve ser acompanhada e formada de acordo com a peculiar vocação e ministério para o qual foi chamado.

Neste número parece-me que podemos destacar três aspectos. Primeiro a necessidade de acompanhar a cada pessoa. Segundo, acompanhar na peculiaridade da vocação e ministério de cada um. Terceiro, a necessidade de capacitar àqueles que possam acompanhar espiritual e pastoralmente a outros.

Hoje temos que reconhecer que na nossa Igreja encontramos dificuldades para acompanhar a formação dos discípulos. Até para acompanhar os vocacionados ao presbiterado, que é a vocação que mais atenções recebem, nem sempre encontramos pessoas disponíveis. Sabemos que acompanhar exige muito mais do que simplesmente dar uma aula, ter uma hora semanal de catecismo ou fazer uma palestra. Acompanhar não é simplesmente observar de longe, mas caminhar juntos. Em época de individualismo e de ativismo, quem é que se dispõe a acompanhar os outros? Na questão de acompanhar a formação vale o mesmo apelo que é feito para acompanhar os pobres (Cf.n. 397). È necessário dedicar tempo, prestar atenção, escutar com interesse, compartilhar horas, semanas ou anos de nossa vida.

Os diáconos permanentes devem ser acompanhados na sua formação no que lhes é peculiar e específico: “no serviço vivificante, humilde e perseverante como ajuda valiosa para os bispos e presbíteros”. Fica aqui focalizado o ponto chave deste ministério, o serviço. E ao mesmo tempo o foco que requer maior atenção dos acompanhantes. É bom lembrar quais são as pessoas encarregadas de acompanhar a formação: “o diretor da formação, o tutor (onde o número o exigir), o diretor espiritual e o pároco (ou o ministro ao qual o candidato é confiado durante o tirocínio diaconal)”. (Cf. Normas, n.20). Todos devem ser de grande experiência e competência e agir unidos com o objetivo de que o formando alcance a sua configuração a Cristo-Servo.

No terceiro aspecto nos deparamos com a necessidade de “capacitar aqueles que possam acompanhar espiritual e pastoralmente a outros”. Os diáconos se deparam com a carência de acompanhantes capacitados e preparados para acompanhar esta vocação específica. Inclusive o que mais falta é justamente o acompanhamento espiritual e pastoral. O acompanhamento da formação intelectual é o que mais atenções recebe, mas o espiritual e pastoral deixa a desejar. É urgente que os nossos bispos invistam na capacitação de acompanhantes dos vocacionados ao diaconado e dos próprios diáconos. Acompanhantes especializados neste ministério. Acompanhantes apaixonados pela formação de discípulos servidores.

JOSÉ DURÁN Y DURÁN (1947) Espanhol, casado, três filhos. Diácono permanente deste 1981. Trabalha pastoralmente na Diocese de Palmares, em Pernambuco, deste 1977. Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Roma). Licenciado em Filosofia e Letras pela Universidade de Valência (Espanha). Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (São Paulo), em 2001. Atualmente, presidente da Comissão Nacional de Diáconos e professor da Escola Teológica São Bento de Olinda, em Pernambuco.