As teorias científicas, a medicina e a tecnologia precisam ser utilizadas para melhorar a vida do ser humano. O caso de Marcela, demonstra que o respeito à vida deve ser maior que o comodismo de "eliminar o que não é produtivo". O aborto é uma opção de vida ou morte! Acredito que a linha de evangelização deve partir do princípio (o ato sexual da concepção) e não da consequência (a fecundação do óvulo).
Marcela de Jesus Ferreira completou seis meses de vida neste domingo, 20. Diagnosticada como anencefálica (sem cérebro) desde o quarto mês de gestação, ela contrariou as expectativas médicas e está sobrevivendo, e bem, com a mãe Cacilda, numa casa do bairro Marumbé (desde 18 de abril), em Patrocínio Paulista, na região de Ribeirão Preto.
O pai da menina e as irmãs continuam morando num sítio, a 18 quilômetros da cidade. "Vou cuidar dela até quando Deus quiser", diz a mãe Cacilda, que não esconde a sua alegria diária.
A pediatra Márcia Beani Barcellos, que a visita uma a duas vezes por semana, continua se surpreendendo e documenta o que acompanha para posterior publicação científica sobre casos de anencefalia. Ela, porém, fica furiosa quando algum colega de profissão opina sobre o caso de Marcela sem ao menos tê-la visto ou buscado informações sobre a menina.
"Em teoria, uma criança anencefálica não teria dor, fome, sentimento, frio, mas a Marcela prova justamente o contrário, pois ela tem frio, dor, sente a presença da mãe, chora quando tem desconforto, emite sons e respira um bom tempo sem o auxílio do aparelho de oxigênio", relata Márcia.
A pediatra lembra que a bebê só tem o tronco cerebral, que a mantém viva. "A medicina é uma ciência exata, mas muitas vezes não tem explicação, e o caso da Marcela é um caso raro." E a pediatra acrescenta: "Infelizmente ela não tem um prognóstico de viver, não será normal, mas tem vida e traz alegria para a família e é interessante conhecer o caso dela."Marcela tem anencefalia, mas não uma vida vegetativa, ou seja, não está entrevada no berço. Ela se movimenta e, mesmo que por instinto, sente o mundo que a circunda. "Ela pede colo, gosta de tomar banho", diz a médica Márcia, que é a favor da discriminação do aborto em casos de anencefalia, mas desde que a mãe faça a escolha se vai ou não seguir com a gestação."Quanto mais informação para a mãe que passa por isso, melhor, aí ela escolhe de acordo com a sua filosofia, religião, ciência", explica a pediatra, afirmando que fica triste com as opiniões de profissionais sérios, mas que não conhecem o caso da Marcela de perto. "Falam que ela não tem vida, não tem percepção, e vejo na prática que isso não é verdade, e fico chateada quando usam o caso da Marcela para defender ou criticar o aborto", destaca Márcia.
Marcela pesa atualmente quase 6 kg e mede 59 centímetros, e é alimentada com leite (90 ml a cada três horas), sucos de frutas (20 ml por vez) e papinha de legumes (20 ml, duas vezes ao dia). "Ela está gorda e grande", diz a mãe Cacilda, que comemorou os seis meses de vida da filha com a família."É uma alegria contínua, só agradeço a Deus", afirma ela, que também fica indignada com comentários contrários à situação da filha. Parentes, amigos e religiosos a visitam periodicamente e até um padre de Anápolis (GO) telefona esporadicamente, perguntando sobre a menina e abençoando-a.
Cacilda é uma católica fervorosa, mas, como diz a pediatra Márcia, ela é simples, tem a família organizada e também não faz apologias e nem espera um milagre no caso da filha. "Ela (Cacilda) é esclarecida, sabe dos problemas da filha, não é alienada", informa a médica.
"A mãe não é amargurada, triste ou solitária; está muito segura e só ela sabe o que a filha sente", completa Márcia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)


Nenhum comentário:
Postar um comentário