Os Centros Educativos Católicos
Itens 331 a 340.
Na primeira análise do tema da Educação enfocada no Documento de Aparecida, resultante dos trabalhos realizados na 5ª Conferência Episcopal Latino Americana (CELAM), constatamos a precária situação do ensino do conhecimento, que visa apenas o objetivo individual e, raramente, a coletividade. Destacamos a importância de se recuperar o componente religioso da formação, propiciando consciência aos educandos, no sentido da partilha dos frutos do trabalho e do conhecimento adquirido.
Para enriquecer este trabalho, transcrevemos um trecho do livro “Superando o Cárcere da Emoção” do psiquiatra, psicoterapeuta e escritor Augusto Cury: “Tenho dado conferências e cursos a centenas de educadores, por isso tenho sentido de perto o caos em que está a Educação. A Educação no mundo inteiro está passando por crise. Estamos formando homens cultos, mas não homens que pensam. Estamos formando homens que dão respostas ao mercado, mas não homens maduros, completos, que sabem se interiorizar, pensar antes de reagir, expor e não impor as suas idéias, trabalhar em equipe, homens que amam a solidariedade, que sabem se colocar no lugar do outro.”
O item 331 do documento de Aparecida confirma: “A missão primária da Igreja é anunciar o Evangelho de maneira tal que garanta a relação entre a fé e a vida tanto na pessoa individual como no contexto sócio-cultural em que as pessoas vivem e se relacionam entre si.”
Com estas considerações, reafirmamos a importância do componente religioso na formação da pessoa humana. As escolas católicas, por sua própria identidade, conduzem seus educandos a trilhar os caminhos do saber, amparados pelo projeto de um ser humano configurado ao Cristo servidor. O educador cristão procura transmitir, mediante a força da Palavra de Deus, critérios de juízo e de valores condizentes com o modelo apresentado e vivido pelo Cristo, filho de Deus, irmão e amigo vivo no meio de nós. Ora, os valores cristãos do Evangelho germinarão dentro da vida profissional, proporcionando soluções aos problemas da vida cotidiana, de tal forma que respeitem os critérios de respeito à vida e a dignidade humana.
“A Igreja é chamada a promover em suas escolas uma educação centrada na pessoa humana que é capaz de viver na comunidade oferecendo para esta o bem que a Igreja possui” (Aparecida 334). Será que esta não será a solução ao problema detectado pelo escritor Augusto Cury? Procura-se, a todo instante, novas formas de conhecimento para reconduzir o ser humano ao seu propósito maior. Temos observado que a cada dia surgem novas “teorias pedagógicas” tentando justificar e buscar as origens das mazelas cometidas pela humanidade contra toda a criação, destruindo até o meio em que vivemos! Está na hora de recuperarmos as bases da vida cristã através da Bíblia, a rica Tradição e no Magistério da Igreja.
“Contudo, também no nosso trabalho no campo da educação é necessário sermos realistas, para não ficarmos nas nuvens, para não nos iludirmos e, sobretudo, para não nos esforçarmos em vão. É preciso que haja realismo, evidentemente iluminado e sustentado pela fé”. (homilia do Cardeal Zenon Grocholewski, no Congresso Europeu sobre "Os Desafios da Educação” de 3 de Julho de 2004).
A evolução do conhecimento exige diariamente avanço na busca do conhecimento, para atender aos novos desafios da sobrevivência humana, porém até que ponto esses avanços produzem melhoria na qualidade de vida das pessoas? Será que todos se beneficiam das descobertas da medicina, da agricultura e da ciência de maneira geral? Se estivermos melhorando a vida de apenas alguns grupos sociais em detrimento de outros, com certeza perdemos a missão evangélica do verdadeiro fim último do homem.
“Na verdade, o modelo de sociedade, de desenvolvimento adotado, concentrador de renda, segregacionista, baseado no acúmulo de capital das elites, acabou por influenciar o modelo de ensino e de educação do país. E a Educação não tem conseguido influenciar a sociedade como um todo no sentido de transformá-la, pois está condicionada a manter o ‘status quo’. Nesse contexto, os planos de educação foram vários e diversas foram as iniciativas colocadas à prova como resultado de esforços de educadores como Francisco Campos, Anísio Teixeira e Darci Ribeiro. No entanto, as políticas implementadas por sucessivos governos, em diferentes esferas de poder, não conseguiram romper com o paradigma da sociedade que vem se reproduzindo ao longo das décadas.” (Estrutura do Ensino - Breve Histórico e Considerações Profª. Ms. Joana Maria R. Di Santo).
Meditando sobre essa situação voltamos ao documento de Aparecida, no item 336: “...a meta que a escola católica se propõe com relação às crianças e jovens, é a de conduzir ao encontro com Jesus Cristo vivo, Mestre e Pastor misericordioso, esperança, caminho, verdade e vida, e dessa forma colaborando na construção da personalidade dos alunos, tendo Cristo com referência no plano da mentalidade e da vida”. E como resposta à situação apresentada pela Profª. Joana prossegue o documento: “Como conseqüência (da referência cristã), amadurecem e parecem co-naturais as atitudes humanas que levam a se abrir sinceramente à verdade, a respeitar e amar as outras pessoas, a expressar sua própria liberdade na doação de si e no serviço aos demais para a transformação da sociedade.”
Daí, a missão da Escola Católica em resgatar a identidade cristã dos centros educativos, atuando pastoralmente nas atividades do Ensino, formando a pessoa integralmente. A qualidade do ensino, concatenada aos princípios básicos do cristianismo permitem a todos, educadores, educandos e suas famílias, viverem em solidariedade como verdadeira comunidade eclesial.
O documento destaca ainda, no item 339, a liberdade do ensino e o direito à educação, que todos os pais devem ter claros na criação de seus filhos. Os pais, como geradores da vida, tem a responsabilidade de encaminhar seus filhos para condições favoráveis ao crescimento físico e intelectual. Socialmente, são os primeiros e principais educadores.
O poder público, por delegação, precisa garantir a liberdade para que os pais escolham o melhor projeto educativo para seus filhos, independente da condição social em que vivem. “Portanto, a nenhum setor educacional, nem sequer ao próprio Estado, se pode outorgar a faculdade de se reservar o privilégio e a exclusividade da educação dos mais pobres, sem com isso infringir importantes direitos”. (Aparecida 340).
Neste breve estudo, procuramos enfatizar a importância de se divulgar e adotar as informações contidas no Documento de Aparecida, visto que sua elaboração partiu da experiência adquirida das populações do continente latino americano. O agir dependerá do empenho de cada cristão consciente de sua missão evangelizadora na área da Educação, pois isto resultará em profissionais dignos e solidários, que vivam pacificamente e partilhem os frutos do progresso com a sociedade.
Elaborado pelo Diácono Franco Abelardo da Arquidiocese de São Paulo e Assessor da Pastoral da Educação da Região Episcopal Brasilândia - Outubro de 2007.
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