
Ordenação episcopal 6/3/1966 Porto Alegre-RS
Nomeação 12/11/1965
Ordenação presbiteral 20/10/1952 em Roma, Itália
Nascimento 7/12/1927 em São Sebastião do Caí, Brasil
Morreu aos 79 anos, na tarde desta segunda-feira, Dom José Ivo Lorscheiter, bispo emérito de Santa Maria (Rio Grande do Sul) e figura destacada do episcopado brasileiro em décadas passadas.
Dom Ivo estava internado desde o dia 25 de fevereiro no Hospital de Caridade de Santa Maria, onde fora submetido a uma cirurgia no estômago. Seu quadro era considerado grave pelos médicos. Em conseqüência de uma infecção, o prelado teve falência múltipla de órgãos esta segunda-feira.
O velório será na Catedral Diocesana Imaculada Conceição de Santa Maria, no centro da cidade. A Missa das Exéquias com o sepultamento será no Santuário-Basílica de Nossa Medianeira de Todas as Graças, às 16 horas desta terça-feira, 6 de março.
Sua vida episcopal
Bispo Auxiliar de Porto Alegre (1966-1974); Subsecretário Regional da CNBB, Sul 3; Secretário Geral da CNBB (1971-1974 e 1975-1978); Membro do Departamento Pastoral do CELAM; Membro da FEPLAM (Fundação Educacional Padre Landel de Moura); Presidente da CNBB (1979-1982 e 1983-1986); Membro da Congregação para o Clero (2 mandatos); Delegado da CNBB junto ao CELAM (1987-1990); Membro da Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB e como tal, responsável por Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso e Comunicação Social (1991-1994 e 1995-1998); Delegado à Assembléia Especial do Sínodo dos Bispos para a América por eleição da Assembléia da CNBB e confirmado pelo Papa João Paulo II (1997), impedido de participar por doença; Bispos de Santa Maria-RS (1974-2004).
Vida sempre perigosa
Dom José Ivo Lorscheiter quase não desembarcou neste mundo. No momento do parto, os médicos viram nascer Lúcia, gêmea do religioso, e não perceberam que havia outro bebê a caminho. Ele quase morreu asfixiado. Não foi a única vez em que correu perigo. Quando estudava Teologia na Universidade Gregoriana de Roma, nos anos 50, ao participar de um jogo de futebol (é torcedor fanático do Grêmio, de Porto Alegre, embora evite tocar no assunto para não melindrar os fiéis do rival Internacional), levou uma bolada na barriga e, de novo, quase morreu, vítima de inflamação do peritônio (camada que reveste o intestino). Em 1974, retirou o baço um dia após tomar posse como bispo diocesano de Santa Maria (RS). “A saúde é frágil. Com a idade, ficou diabético e tem problemas cardíacos. Embora seja um paciente dócil que não recusa dieta, para impedir que ele saia pelas estradas de terra para visitar as 38 paróquias e mais de 800 capelas da região, só amarrando numa cadeira”, diz irmã Cecília Dhamer, sua enfermeira.
É primo de dom Aloisio Lorscheider. A troca do t pelo d no sobrenome teria sido um lapso do tabelião do cartório. Resta saber qual cartório errou. “O primeiro registro da família no Brasil é com t”, garantiu dom Ivo a ISTOÉ.
A origem familiar desse gaúcho corpulento - 1,80m de altura e 90 quilos - contribuiu para firmar suas convicções sobre a reforma agrária. “Ele defende a função social da terra sem esmorecer”, diz o advogado José Cabas, de Santa Maria (RS). Poliglota (fala cinco idiomas) e ligado aos progressistas, cumpriu dois mandatos como secretário-geral e outros dois como presidente da CNBB durante o regime militar. “Naquele tempo era mais fácil definir os campos porque a ditadura não tinha benevolência. Hoje, todos falam em democracia”, afirma dom Ivo.


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