sexta-feira, 30 de maio de 2008

É PRECISO PREGAR COM MAIS ARDOR MISSIONÁRIO!

Cadê os cristãos neste mundo?
Dom Anuar Battisti - Arcebispo Metropolitano de Maringá - PR

Diante de certas estatísticas, como por exemplo, “O feriadão de Corpus Christi deixou um saldo trágico de 23 mortos e 290 feridos nas estradas que cortam o Paraná. Foram 326 acidentes, causados em sua maioria pela imprudência dos motoristas”(O Diário de 27.05.2008, pg A3). Isso é um escândalo que clama aos céus. É assustador o número de assassinatos principalmente de jovens, o mundo da droga e do narcotráfico que diabolicamente toma proporções incalculáveis; a insegurança, diante do ir e vir, seja para o trabalho, ao templo, ao merecido lazer; a proliferação cada vez maior do ateísmo prático; os pobres que aumentam a cada dia e os poucos cada vez mais ricos; enfim, uma ladainha de situações que contradizem totalmente os princípios do Evangelho.

Eu me pergunto: cadê os cristãos? Esses que morreram são todos pagãos?

Somos hoje a maioria absoluta de cristãos; esperamos que pelos menos a metade freqüente as suas comunidades religiosas, que aos domingos freqüentem os templos para orar e refletir a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, penso nos centenas de presbíteros, pastores, missionários que, quase diariamente falam, instruindo, exortando, mostrando o caminho com a Sagrada Escritura na mão, com o catecismo da doutrina sempre aberto. As centenas e milhares de pregações pelos meios de comunicação social, desde o rádio, a TV, revistas, jornais, sites na internet. Isso sem contar as intermináveis campanhas do poder público.

Eu me pergunto para quem estamos falando? Para quem estamos dirigindo os milhares de discursos sobre a Palavra de Deus? Porque ainda não alcançamos os ouvidos dos marginais, dos violentos, dos que morrem e matam sem dó e piedade? Estamos falando para as paredes, ou nossa linguagem, a mensagem que estamos transmitindo, está numa freqüência e o povo está noutra? Porque aquele fiel participante, na vida prática não paga o salário justo, engana e corrompe em benefício próprio? Não é por falta de quem fala, e nem de quem escuta. Está faltando o quê? Aonde nós pregadores estamos errando? Aonde o povo de Deus, cristãos, discípulos de Jesus, vivem o que escutam?

Penso que não se trata de puxar a brasa para o seu assado e dizer aqui está tudo bem e que o problema é dos outros! Penso que nesta hora histórica de nossa caminhada precisamos rever na prática cotidiana, a nossa prática. No testemunho da fé que professamos falta vigor, entusiasmo, coragem de quem acredita de fato. A nossa vivência na fé ainda é vivência formal, ritualista, cumprir tabela para o desencargo de consciência por medo de Deus. Não posso afirmar que não exista testemunho e nem obras boas que provem a nossa fé. Fica sempre a pergunta: Como tocar o coração? Como fazer com que a mensagem de salvação entre na vida do dia a dia de nossos cristãos, com todas as suas conseqüências?

Não seria a hora de nos unirmos numa só voz, cada um no seu caminho de fé, para falar a mesma linguagem. Sintonizar na mesma freqüência sonora dos jovens e adolescentes e provocar uma verdadeira comoção evangélica no coração de nossas Igrejas? Certamente nós temos o melhor e mais valioso conteúdo para preencher qualquer coração vazio, do homem e da mulher, do passado, do presente e do futuro. Enquanto a nossa pregação não despertar um verdadeiro discipulado de Jesus, discípulos e missionários apaixonados pelo Mestre, Salvador e Redentor, estamos jogando as pérolas para ser pisada no chão manchado pelo sangue da violência e da falta de paz. Cadê os cristãos apaixonados por Cristo a fim de fermentar essa massa e dar sabor da paz e de fraternidade a este mundo em que habitamos?
Tende coragem, eu venci o mundo”(Jo 16,33)

Fonte: site CNBB - maio 2008

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